Querido filho:
Lembro-me, como se fosse
hoje, daquela madrugada de 9 de outubro, do ano de 1987.
Eu tinha passado a noite
inteira, com a minha mão em cima de ti (acariciando-te).
Estavas muito agitado, com
uma vontade enorme de conhecer o mundo e a vida cá fora.
Também me lembro, muito
bem, do último beijo que te dei sob o ventre da tua mãe.
E, acredito plenamente, que esse beijo de amor tenha sido o maior de toda a história do universo!
Eu conhecia todos os teus
movimentos e tu conhecias-me perfeitamente. Já eras corajoso e valente, como
revelaste vir a ser daí por diante.
Estava uma linda manhã.
Soalheira e amena. Repleta de cheiros, cores e prazeres outonais.
Quando saímos de casa já
tinhas nome: Pedro Daniel.
Às vezes penso como o teu
nome se adequa tão bem a ti e tu a ele. Parece haver uma simbiose perfeita e
genética. Gosto muito do teu nome: Pedro Daniel!
Fomos no nosso mini
vermelho. Eu conduzia muito devagar com o intuito de vos proteger, mas,
confesso, cheio de pressa para te ver nascer. A condução era assegurada apenas com a minha mão esquerda. A direita, estava incumbida, quase exclusivamente de te
acariciar. Por vezes tinha necessidade de virar a cassete dos Shadows no auto
rádio. Foram essas melodias que nos acompanharam durante toda a viagem. Eu conduzia a vida num sonho lindo.
Do hospital do Gavião
(onde por acaso eu nasci) a doutora Gracinda, após observar a tua mãe,
mandou-nos seguir imediatamente para o Hospital de Portalegre, avisando-me que
ias nascer nesse dia. A boa nova! Eu já sabia. Contudo, nesse momento, o meu coração
acelerou descontroladamente ao pressentir o brotar da tua vida.
E os arrepios que senti na
minha pele?
Bem, para dizer a verdade, esses, nem os consigo transcrever.
O dia foi longo, muito
longo… o maior dia de toda a minha vida. Nesse dia, entrei mesmo em conflito
com os ponteiros do relógio, que me pareciam avariados.
Eram 22h40, em ponto,
quando nasceste. Finalmente!
Ainda ensanguentado eras
um verdadeiro sonho de luz! Esta é a primeira imagem que guardo ternamente de
ti.
Choravas desalmadamente, a
modos de me doeres no coração. Eu olhava para ti embevecido e sem palavras. Os
meus olhos viam pela primeira vez o ser mais belo e perfeito do mundo!
E digo-te agora: das
lágrimas, incontidas, que escorreram nos meus olhos, nasceu um rio de alegria,
feito de água doce e pura.
Assim que te acabaram de
vestir, uma enfermeira simpática, que conhecia melhor do que ninguém, a minha ansiedade, elevou-te e passou-te para os meus braços, a sorrir.
Eras um tesouro! Um sonho lindo dentro do meu peito!
Eras um tesouro! Um sonho lindo dentro do meu peito!
Quando te pronunciei as
primeiras palavras, paraste imediatamente de chorar. Reconheceste-me. A partir
daí correste-me nas veias para sempre…
Aconcheguei-te no peito da
tua mãe, que te soltou um sorriso enternecedor... Beijei-vos com todo o meu
amor.
Eu era, agora, o homem
mais feliz do mundo…
Muitos parabéns, Pedro
Daniel!
E obrigado por seres um
filho tão maravilhoso…
Que linda homenagem de um pai para um filho. Comoveu-me muito. Parabéns ao Pedro Daniel e ao Pai pelo rio de alegria que transborda, para sempre, dentro de ti. Um beijo.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário, Isabel Vilaverde!
ResponderExcluirExiste mesmo um rio de alegria a transbordar entre mim e os meus filhos.
Beijo.