Tão caloroso é ainda o teu
regaço. Deixa-me aconchegar, como dantes.
Lembras-te quando
passeávamos pela vida fora, de coração dado?
Talvez não. A tua enfermidade
é uma noite escura de breu.
Hoje, já não existe o teu sorriso
doirado, como o pôr-do-sol na planície.
Noventa anos! Estás tão distante…
Por vezes, nem sei onde é
que estás. Deixa-me acordar-te com um beijo.
Lembras-te quando o teu
sorriso era a alvorada dos sonhos?
Guardo esse sorriso, com
todo o amor, que tu guardas-te o teu filho.
Agora, o teu sorriso está diferente e a tua força de mulher
Uma fraqueza constante…
Querida mãe: volta a
chamar-me “Querido Filho”.
Por favor… Nunca mais te
esqueças de mim.
Beijo-te com tanto amor e
tanta raiva do alzheimer!
João Rosário Matos
Nenhum comentário:
Postar um comentário