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quinta-feira, 25 de abril de 2013

O Dia 25 de Abril de 1974

A manhã ia mais ou menos a meio, quando a Prof.ª Clara nos mandou todos para casa. Fechou as portas da escola e foi para Torre das Vargens, juntar-se à filha e aos pais. Disse que havia uma revolução! Uma briga lá para os lados de Lisboa… Confesso que não entendemos, nem ficámos preocupados, com tal coisa...
- Ai que vem aí o fim do mundo!
- Ai valha-nos Deus Nosso Senhor!
Gritavam duas mulheres que passavam pela Barroca da Lamega com as mãos na cabeça, completamente atarantadas.
- Quem é que morreu?
Gritava a minha mãe, apavorada, enquanto saía de casa com passos apressados.
- É uma guerra que vem aí!
E corriam em direção às suas casas, cheias de medo, como se a aldeia tivesse sido tomada por invasores…
Eu tinha acabado de chegar da escola. De pé ligeiro, subi ao cabeço da Barroca, para daí, tentar avistar alguma coisa estranha. Ao fundo, a minha mãe gritava e gesticulava atrás de mim, chamando-me incessantemente. E, ao seu jeito, ameaçava:
- Olha que na sexta-feira vou contar ao teu pai!
Sem fazer caso das suas palavras, ali do cimo do mundo, espreitava em todas as direções, mas não avistava nada de anormal.
A aldeia estava cheia de sol, numa linda manhã de primavera.

Era dia 25 de Abril de 1974!

João Rosário Matos
(in: Margem de Sonhos)

2 comentários:

  1. As memórias, umas imprecisas outras mais vivas do 25 de Abril de 1974. Um marco histórico na vida de um país que nunca mais foi o mesmo. Obrigada por partilhar as suas, João. VIVA O 25 DE ABRIL!

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  2. Muito obrigada, Isabel Vilaverde!
    VIVA O 25 DE ABRIL!

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